sexta-feira, abril 27, 2007

Com o vento




Eu que me mostro por inteiro
Eu que estou sempre do avesso
Aberta, livre, vulnerável
Pra qualquer um tocar
Pra qualquer um brincar
Eu que acredito na verdade
No amor e na justiça
Que protejo as pessoas queridas
Que espero a bondade voltar...
Eu que quero o bem de todos
Apanho sem poder gritar
Sofro sem saber brigar
E toda maldade que recebo
Chega tentando arrasar
E fica por dias a fio
Mas vai embora sem eu notar
Vai com essa chuva que lava a minha alma
Vai com esse vento
Que me diz o que preciso saber com calma
Com a calma e a paciência de um amigo
Que nos momentos difíceis
Também chamo de abrigo



" I don´t wanna be like you, she says...
Live me alone, live me alone....
she says: - I´m the girl on the car in the parking lot
She says: - man, why don´t you take a shot ?
Can´t you see me? Don´t you see me at all?
All my walls are crumbling...
My walls are falling down
She looks up at the building
All her walls are crumbling down
She looks up at the building
She says: - I´m thinking of jumping
She says: - I´m sick tired of life
Well everybody is tired of something..."

Counting Crows - Round Here




domingo, abril 22, 2007

Crenças


Quando somos pequenos acreditamos em praticamente tudo. Bem, eu cresci e continuei acreditando em praticamente tudo. Principalmente, em praticamente todos. Acredito em natal, em papai noel , em coelhinho da páscoa e em chocolate. Acredito em balões de festa, em fazer pedido antes de soprar a vela, acredito em arco-íris depois da tempestade. Acredito em tornar-se irmão depois de esfregar feridas, acredito em amigos para sempre. Acredito na redenção da ratinha presunçosa, acredito que o bem sempre vence no final, acredito que já fui a mulher maravilha por um dia. Acredito em mergulho depois do almoço, em banhos de chuva, em chocolate antes de dormir. Acredito que posso voar se pensar em coisas boas. Acredito na terra do nunca, no he-man e no capitão planeta. Acredito que vemos melhor com o coração, que o essencial é invisível aos olhos. E olho sempre para o céu, imaginando que um carneiro e uma rosa ficaram amigos e um príncipe sossegado. Nunca vou deixar de acreditar nesse tipo de coisa. São as coisas mais importantes que existem. E mesmo que outras coisas nas quais acredito não dêem certo, se mostrem efêmeras, algumas coisas nunca mudam. E o arco-íris realmente aparece depois de cada tempestade. E traz consigo sua magia. Continuo acreditando na bondade, na verdade, na justiça e no amor. Agora só sei que eles não estão em todos os lugares onde deveriam estar. E por mais que isso seja triste...é só olhar pra outra direção. Sempre existe beleza em outros lugares. E a cicatriz com o tempo também vai ficando bela, porque é a dor da experiência, que deu errado mas foi vivida. Vivida da melhor forma, com plenitude, com coragem. Pular pode significar cair ou voar. Dessa vez cai, da próxima vez posso voar. E não vou deixar de acreditar, acreditar em praticamente tudo. E em praticamente todos. Porque sempre vou enxergar com o coração...Mas os homens hoje em dia parecem não acreditar em mais nada.



O teatro mágico - O anjo mais velho

sexta-feira, abril 20, 2007

Pensando o homem em mim. Parte dois.

Toda constatação de maldade no mundo, seja no plano social ou político, invariavelmente me entristece. Cada noticia ruim na televisão me mostra, na maioria das vezes com imagens chocantes, a realidade caótica em que vivemos. E todo dia acontece algo de diferente e surpreendentemente pior. Quando somos menores, por bastante tempo acreditamos que o mal se limita às guerras e conflitos devidamente delimitados, salvo poucos casos de barbárie efetuados por psicopatas (ou sempre alguém com um desvio absurdo de comportamento) que sempre chocam a sociedade. Quando crescemos e prestamos mais atenção ao noticiário percebemos que a maldade está em todo lugar, que a violência é gratuita e que o lado negro da força ganha inúmeras vezes sim, ainda que infelizmente. Vemos o tempo todo seqüestros, assassinatos em série, estupros. Todo tipo de violência. Generalizada. Mas o mal é sempre o outro, é sempre algo distante, até mesmo cinematográfico. E daí começam a surgir as generalizações, o assaltante é sempre o cara pobre que entra sujo no metro, o tarado é sempre o bêbado que repara nas meninas que passa, etc. Esses tipos são os que devem ser evitados, e mesmo que alguém que não se pareça com o estereótipo criado, se cometer uma falha, vai se procurar algum desvio de conduta na pessoa que possa se encaixar num perfil pré-estabelecido. Se um playboy rouba alguma coisa, mesmo não sendo o típico menino favelado, vai se fuçar alguma coisa até achar. Uma característica negativa qualquer para se culpar, daí se passa a omitir o fato do jovem ser de classe alta para dizer que era, por exemplo, viciado. Se a pessoa for pobre é potencialmente perigosa. Se for rica, mas viciada, também. E assim essas várias características passam a compor o tipo “bandido”. Mas e as atrocidades que não estão no código penal ? Como trair uma pessoa, por exemplo. Ninguém está indefeso contra esse tipo de coisa. Se estereótipos não ajudam em nada com casos sérios, para este tipo de situação simplesmente nem existem estereótipos. Porque a principio, qualquer um pode trair qualquer um a qualquer momento. É tanto qualquer, tanta improbabilidade, que então pode-se esperar o pior de qualquer um. As chances de um agiota te ferrar são maiores que a do seu amigo, mas mesmo assim, este também pode fazer algo contra você a qualquer momento. Não existem seguros contra este tipo de coisa. E o que é pior: de alguém desonesto sabe-se que pode-se esperar desonestidade sempre, mas de alguém que consideramos honesto não, pois nunca se sabe quando esta pessoa vai fazer algo realmente estúpido enquanto não olhamos. Porque o ser humano pode não merecer ser taxado como essencialmente egoísta e ruim, mas demonstra ao longo de sua jornada pelo mundo ser extremamente corruptível. Se não quer sempre o que é do outro, pelo menos quer sempre defender o que é seu e ter mais ainda, ainda que tenha que passar por cima do outro. E se tiver que escolher em algum momento entre ter trabalho para ter o que quer e roubar o que o outro está prestes a conseguir para ter mais fácil, não há duvidas de que vai escolher o caminho mais curto. Enquanto a dor do outro for literalmente a dor do outro, ela não importa tanto assim, se é pra se auto-satisfazer. Mas será que somos corruptíveis invariavelmente ou pelo menos corruptíveis o suficiente a ponto de deixar tanta coisa ruim acontecer para o nosso próprio lucro? Até que ponto se pode ir por um desejo? E, principalmente, será que até mesmo eu faria algo assim, como muitos, sem nem ao menos me dar conta disso? Não gostaria de pensar que algum dia serei capaz de passar por cima de quantas pessoas for necessário para chegar onde quero. Mas se tanta gente faz isso, se isso parece tão normal e eu não me considero tão melhor que ninguém...me pergunto se quando chegar o meu momento serei forte o bastante para não me corromper e seguir em frente lutando com as minhas próprias mãos. Também gosto de pensar que essas coisas partem da índole de cada um. E que felizmente posso confiar na minha e na das pessoas que chamo de amigos. Mas é triste constatar que índole é uma característica intransferível. Uma daquelas que já nasce conosco, assim como a bunda. Penas que algumas pessoas tenham mais bunda que índole.

terça-feira, abril 17, 2007

SunFlower





Nunca ganhei um girassol
Estou me sentindo como uma pessoa que nunca ganhou um girassol
E se você se perguntar como uma pessoa assim se sente
Olhe um campo de girassóis
E imagine o que é nunca ter ganho um girassol
Sabendo que são as flores mais bonitas que existem
Imagine o que é nunca ter ganho um girassol
E saber que uma flor dessas poderia ter iluminado vários dias seus
É olhar pra sua janela e saber que falta alguma coisa nela
Saber que falta um girassol
E sentir falta desse girassol
Ainda que nunca tenha sentido a sensação de ter um pra si
Na verdade ter um girassol pra si é forte demais
Ninguém tem um girassol pra si
Girassol é a flor mais livre que existe
O girassol existe
E o máximo que podemos fazer é amizade com ele
E cuidar desse girassol
Nunca fui amiga de um girassol
Nunca cuidei de um girassol
Estou me sentindo como uma pessoa que nunca deu carinho a um girassol








Elvis Presley - Stuck on you

domingo, abril 15, 2007

Pure evil

Acho impressionante a capacidade que algumas pessoas têm de ferrar a vida dos outros, a vontade que elas têm, o prazer que sentem. Realmente não consigo entender como fuder a vida alheia possa trazer algum tipo de felicidade. Pode até parecer idiota, mas eu sempre tive uma vontade absurda de ajudar os outros, na verdade me sinto mal quando não consigo fazer mais, melhor, realmente fazer diferença. E não é só com os amigos não, por esses eu faço de tudo mesmo, mas até mesmo ver desconhecidos precisando de ajuda me incomoda. Odeio andar na rua e ver gente necessitada, de comida, de teto, de atenção até, e pensar que tudo isso existe porque não existe gente o bastante querendo ajudar, e que as poucas pessoas que querem não são o suficiente pra fazer a total diferença...mas é verdade que as vezes as pessoas simplesmente não podem ajudar...Não querer ajudar que é o pior. Até que descubro eu, existe algo pior que não querer ajudar! Existe também quem queira atrapalhar! Isso é algo tão desprovido de sentido na minha cabeça que posso passar uma hora procurando uma desculpa mirabolante para imaginar que alguém não fez algo ruim intencionalmente. Porque simplesmente não quero entender que existem pessoas más soltas por aí fazendo o que bem entendem. Até que me deparo com uma. Mas, claro, que eu na minha infinita estupidez e crença na bondade alheia achei que não fosse realmente tão ruim como pintavam, me lembro na verdade de chegar a pensar na frase clichê de que todos merecem uma segunda chance. Mas não foi bem assim, terminei descobrindo na pele que sim, existem pessoas ruins por aí, soltas como se fossem pessoas normais e legais, embora sempre estejam prontas pra te sacanear. Essas pessoas bem que poderiam ser verdes, ter chifre e tal, para ser mais fácil de distinguir, mas não, é preciso prestar muita atenção pra perceber. Ou como eu, se fuder. Não consigo entender em que ferrar a vida alheia possa melhorar a própria vida, talvez nunca entenda. Mas algumas pessoas parecem adorar. Sair por aí competindo por competir, tomando sem razão alguma, se divertindo em confundir...tem humor pra tudo né...O foda é que essas pessoas usam de artimanhas que pessoas decentes não tem coragem. São falsas, dissimuladas, manipuladoras. Passam por cima de qualquer um pra ter o objetivo que escolheram. Lutar com qualquer arma é fácil demais, ser desonesto é um caminho rápido pra se chegar onde quer. Mas qual será o preço de uma escolha? Será que vale mesmo a pena derrubar todo mundo pra chegar na frente? Eu nunca escolhi fazer nada assim e provavelmente nunca vou escolher. Na minha opinião só um ser humano muito medíocre faz esse tipo de coisa, só uma pessoa muito desequilibrada mesmo. Até porque é tão mais gostoso conseguir as coisas pelas quais se lutou efetivamente, com honestidade... Mas é claro que nem todo mundo pensa igual e que realmente algumas pessoas pensam o completo oposto de mim. Enquanto algumas pessoas prezam a integridade, algumas realmente devem achar a desonestidade algo maravilhoso. Vai entender. Cair numa dessas é algo que vai acontecer vez ou outra pra quem não joga sujo, simplesmente porque nos recusamos a ir tão baixo. É terrível, mas realmente teria que ter sorte demais pra não conhecer ninguém essencialmente escroto na vida e cair na dessa pessoa. O choque foi tão grande que pensei mesmo em me trancar e ser uma dessas pessoas com mil artimanhas pra ganhar na vida. Mas 24h depois já percebi que nem mesmo que quisesse poderia fazer isso, não saberia como. Sou uma dessas pessoas um pouco mais desprotegidas que a maioria, apanho e o outro lado da face permanece exposto para um segundo golpe. Mas entre apanhar em dobro e ter uma armadura acho que prefiro apanhar em dobro. Ter golpes na manga, não ter escrúpulos, passar por cima de qualquer um, se proteger com armas e escudos deve ser tão deprimente, deve limitar tanto os próprios movimentos, que não sei como não asfixia a pessoa. Ou talvez seja mesmo pela falta de oxigênio que elas ficam loucas e saiam por aí distribuindo golpes ao acaso. Só sei que mesmo machucada continuo não entendendo e não querendo isso pra mim. E daqui a pouco isso será somente uma cicatriz, ao menos não estou sufocando meu espírito. Nunca faria isso com ele.

segunda-feira, abril 02, 2007

Viagens


Eu amo viajar. Amo. Não saberia explicar a sensação de arrumar a mala e cair na estrada de tão intensa e complexa que é. A noite anterior a viagem é gigante, parece ter umas 30 horas, repasso tudo que tenho que levar, confiro os itens da mala, separo o dinheiro e penso no trajeto. Durmo sonhando em chegar lá. No dia seguinte chega a hora de colocar a mochila nas costas e sair de casa, pegar o ônibus ou a carona e seguir em frente. Essa sensação de ficar cada vez mais longe de casa é impressionante, porque não é como ir ao centro e voltar. Você sabe que não voltará tão cedo, que está indo fazer algo inusitado, novo e completamente agradável. E pouco a pouco, toda a minha vida vai ficando pra trás, não num sentido ruim, é simplesmente parte do processo de viajar. Tudo que eu não gosto, que me preocupa, me irrita, fica preso fisicamente ao lugar que estou deixando. E eu sigo em frente. Vou ouvindo as musicas que gosto, conversando com os amigos que me acompanham, pensando em tudo que está por vir e principalmente, contemplando todo o caminho. Adoro todo esse processo, chegar, arrumar as coisas, tentar fazer tudo-ao-mesmo-tempo-agora. Posso ir pro campo, praia, para um lugar desconhecido ou familiar, não me importa, viajar é sempre viajar, é simplesmente algo que tem enorme poder sobre mim. É como ser outra pessoa. Ou talvez ser eu mesma, mas somente uma parte que normalmente fica esquecida, por completo. É esquisito e maravilhoso. Dias em que me importo com coisas que regularmente não tenho tempo ou condições de pensar. Dias em que passo por situações completamente novas e descubro novas aventuras. Até porque atolar o carro no seu próprio bairro é mau humor pra um dia inteiro, mas viajando é uma aventura, dessas que se ri logo depois numa mesa de bar. Porque quando se está viajando é assim, tudo fica mais leve, o mundo e a maneira como o vemos. E como toda experiência verdadeiramente intensa, deixa marcas que ficam por tempos. Chegar de viagem é bom por isso. Você continua leve, embora tenha voltado pro seu velho mundo e todo peso que ele sustenta. E percebe que muitas das coisas que te perturbavam simplesmente não têm tanta importância, porque você esteve lá fora e pôde perceber que não faz diferença... E é gostoso ver isso, olhar as coisas por outro ângulo, como se não tivesse sido você mesmo a avaliar. E viajar sempre proporciona essa experiência. Sempre. Por isso que amo viajar. Amo.

domingo, abril 01, 2007

Tão triste

Ando tão, tão triste
Que só queria que isso desaparecesse
Do vazio agüento só a metade
E nada da dor ou angústia
Não sei nem de onde vem
É só um vento que sopra
E me deixa ainda pior
Pensamentos que me ocorrem
Me deixando cada vez mais só
E esse nó que eu sinto
Vai da garganta ao peito
E parece não ter jeito de desatar
Não sei como vai ser o resto da minha vida
Não sei se encaro ou me calo
Pois não sei aceitar nem lutar
E continuo gritando calado
Esperando que no fundo do meu silêncio
Alguém possa me escutar falar...
As vezes resolvo toda minha vida num segundo
Mas me falta coragem pra continuar
As vezes fecho os olhos
E choro por dentro feito criança
Mas logo tenho que acordar
E fingir encarar tudo

Fingir ter coragem como todo mundo
Mas ainda não consigo me encarar no espelho
Olhar pra dentro de mim
E perceber que o que pareço
Não condiz com tudo que vejo