quarta-feira, junho 20, 2007

Já não me importo

Eu não me importo mais pelo que se acha nos livros
Eu não me importo com os antigos axiomas
E não me interesso pela versão dos vencedores
Eu quero ler sobre os mendigos
Quero ouvir sinfonias sobre casais monótonos
Quero dar um troféu para o último colocado
Eu já não aguento mais ver gente linda e perfeita
Já não aguento mais ver gente rica e bem vestida
E prefiro morrer à ceder à demagogia
E quero matar um pseudo-herói
Eu quero conversar com os terroristas
Quero entender os psicopatas
E sair de férias para um hospício
Porque eu não aguento mais as pessoas normais
Não aguento mais os seus discursos iguais
Não aguento mais o conhecimento burro dos jornais
Eu quero fundar a "idiotalândia"
Quero ver num palhaço um sábio
Quero que todos saiam do armário
E consumam a vida fora do horário, do prazo, da coerência
Quero pedir um lunático em casamento
E sair deste mundo
Porque eu já não aguento mais o capitalismo
Ou o liberalismo, o socialismo, o fascismo
Nem qualquer outro "ismo" que existe ou existirá
Já que a suposta razão dos desumanos não me diz respeito
Eu prefiro criar minha própria ideologia de vida
Minha própria corrente artística
E cantar minha ópera pessoal
Escrita por mim, ensaiada por mim, encenada por mim

domingo, junho 10, 2007

Esperando em incertezas

Estou esperando alguém chegar
Estou esperando há tempo demais
Estou esperando as coisas acontecerem
E elas não acontecem
Sinto que tenho que fazer algo...
Mas não consigo
Acho que vou pular
Tenho muita vontade de pular
De partir
Ir pra outro lugar
Voltar,
Não voltar
O vento está me chamando
A chuva está me levando
E eu me sinto bem
De repente, eu sou...Deus
E tudo está dentro de mim
Eu sou tudo e eu sinto tudo
E todas as sensações são maravilhosas
Até mesmo a dor
Eu quero mesmo ser Deus
Ou me encontrar com ele
Eu quero sentir tudo
O tempo todo
Eu quero a vida
Quero a vida, toda, em cada pedaço de mim
Quero sentir o peso de cada célula
Quero flutuar ao saber das coisas
E ser leve, ainda que com o peso de todas as coisas
Porque, no final, não quero ter desaprendido a voar
Não quero ter desaprendido a sorrir
Ainda que no final de tudo
Mas por enquanto não sei o que fazer
E não sei o que medir
Pra fazer do certo algo certíssimo
E pra fazer da vida algo coerente
E místico
E, sim, eu quero voltar
Mas quero chegar lá
Quero ficar
E quero morrer de fome no caminho
Morrer de saudade
Morrer aos gritos
Ressuscitar antes do terceiro dia
Mesmo que seja pra continuar sozinho
E cantar, dançar
Brigar comigo
Fazer as pases e me abraçar
Exatamente como se abraça um amigo
Continuar esperando que algo aconteça
Ou que alguém chegue
Tentando ser feliz enquanto isso.

sexta-feira, junho 08, 2007

Aprendendo









Estou aprendendo a ser solitário de novo
A não ter boas companhias por perto
E, com o tempo, não trocar a solidão por qualquer coisa barata
Estou aprendendo a ser solitário de novo
Estou aprendendo a olhar para dentro
A me conhecer mais do que conheço a outros
A me amar mais do que venha a amar qualquer pessoa
Estou aprendendo a cuidar de mim de novo
Estou voltando a prestar atenção nas menores coisas
A prestar homenagens nos menores gestos
E, principalmente, estou vendo mais poesia nas pessoas
Ando me contentando com pouco,
Precisando de muito para me aborrecer
E mantendo o sorriso no rosto
Mas é incrível que quem me vê
Ainda me veja como um louco
Mas estou aprendendo a não me importar com pouco






"Estou me guardando pra quando o carnaval chegar"