quarta-feira, julho 01, 2009

Eu que ainda não morri



Minha mente e meu coração já não se entendem mais

Meu coração ainda sofre, ainda sente
E minha mente agora parece funcionar matematicamente
A vida diante dos meus olhos eh lida através de números
E todas as sensações tornaram-se somas
Não decido mais nada
Simplesmente sigo a regra em tudo
Me visto como todos se vestem
E somente converso sobre o que leio nos jornais
Não morri ainda
Mas sei que é só uma questão de tempo
Meu coração não sabe quanto tempo vai resistir
E praticamente já não se importa mais
Não sei se ele está certo ou errado
Não sei se eh possível ser sempre sensível
Ou se a sensibilidade eh invariavelmente eliminada pela realidade
Não sei se eh prudente sonhar a vida inteira...

A cada dia que passa ganho uma obrigação nova
Começo a preocupar-me com problemas medíocres
As vezes consigo escapar, as vezes ainda me perco olhando para o mar...
Porem, cada vez mais, quando o dia termina
Eu sou um pouco mais o que não queria ser
Não sei se alguem ouve meus gritos silenciosos
Enquanto me convenço a agir de maneira contraria a tantos princípios que cultivei por toda a minha juventude
Não sei onde aprendi isso
Ou quando comecei a agir assim
Não sei como até mesmo eu, que me considerava forte, sucumbi
Mas, não, eu suplico, não eu
Eu ainda não morri
Algo em mim ainda recusa a entrega
E seguir regras que protegem as ruas e não o mar
Algo em mim não considera o fato de haver tanta desonestidade no mundo
uma desculpa para ser desonesto
Renego tanta desonestidade e tanta raiva
Não haveriam gerras se todos os soldados se negassem a lutar
E eu renego toda essa ignorância vestida de trabalho
Eu renego toda essa ignorância de sentimentos!

Porque ainda que tenha sido enganado
E que tenham rido de mim
Ainda que tenham me apontado o dedo e gritos tenham encontrado meus ouvidos
Eu renego a vingança e todo o gosto podre que vem com ela
Enquanto estiver vivo, renego a tudo
Acredito na bondade alheia e na gentileza de estranhos
Ainda que seja raro
Ainda quero sorrir mesmo quando não me sorriem de volta
Não sei quanto tempo vou aguentar ou quantos agüentarão comigo
Mas, quando eventualmente deixar este mundo,
Quero ter certeza de ter vivido!

domingo, março 01, 2009

Vontades implicitas




Ja nao sei mais diferenciar a realidade da ilusao

Nem saberia dizer da que gosto mais

Nao sei quando uma comeca e a outra termina

E, honestamente, nao sei o que fazer no meio dessa confusao

Nao sei para onde deveria voltar
Ou para que lugar deveria ir
Ja nao sei mais onde eh a minha casa
Ou se ao menos tenho uma

E jah nao ha mais lugar onde todos saibam o meu nome

Nunca soube muito bem para onde deveria ir
Mas, agora, pela primeira vez sinto vontade de ficar

Claro que, se tratando de mim
Isso nao anula a vontade que tenho de voltar

Sempre ao mesmo tempo

Eh um sentimento tao forte e ambiguo que somente eu posso entender
Ou aceitar
Porque eh somente meu

Esse desejo ou essa loucura
Essa insensatez

Essa incontrolavel vontade de ser o que nao se pode ser
E fazer qualquer coisa que seja ilegal
E esperar que o impossivel sempre aconteca

Essa incrotolavel vontade de transformar sonho em vida real
E mudar todas as coisas que me incomodam

Se divertir brincando de lapis de cor mais uma vez

Quem sabe pintar um lugar magico que eu possa chamar de meu


Meu lugar
Minhas cores
Nenhuma regra



sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Dear diary,

Querido diário,

Hoje acordei como acordo a maioria dos dias
Acordei sem querer acordar
E levantei pensando na minha cama
Queria ser uma daquelas pessoas cheias de energia
Aquelas pessoas que mal podem esperar para viver o dia a sua frente
Mas para mim
Para mim que não vejo beleza alguma em levantar cedo
E que sou pessimista demais para encarar qualquer coisa
Quase todo dia é uma tortura
E o trabalho é um peso
Para mim que adoro intervalos
Só há beleza na noite
E no aconchego do sofá
Poesia pra mim é ver televisão
E usar qualquer coisa que tire a minha mente desse mundo
Quando a rotina encobre a realidade
É preciso ir longe para enxergar a vida
E mudar de lugar o tempo todo
Talvez somente os ciganos sejam felizes
A droga do milênio deveria ser uma caravana
Para arrastar todo mundo do seu lugar
Até mesmo me arrastar da frente da minha televisão

Quando fixo em um só lugar
É mais difícil ver o que acontece a sua volta
E entender o mundo como ele é
Todos os mistérios se tornam mais claros em outro lugar
E quase tudo perde a importância
Se a vida fosse uma caravana,
Seria mais fácil entender que não precisamos de nada
Não de verdade
Não pra viver feliz

Talvez seja um erro da natureza nos permitir adaptar-se tão fácil
Esquecemos de muita coisa
E aceitamos outras rápido demais
Se ao menos eu não tivesse me adaptado tanto a minha TV
Acho que entenderia a vida melhor!