segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Pensando o homem em mim. Parte Um.

Como todo mundo, muitas vezes entre mil outros assuntos que me ocorrem, me pego pensando sobre a situação social do mundo, guerras, fome e outras questões que deveriam ser de interesse global. Como todo mundo minimamente sensível, sempre me choco e me entristeço com a realidade e o descaso que a sustenta, sempre me sinto indignada depois de ver efetivamente como outras pessoas vivem ou tentam viver. E pelo fato dessas verificações não serem nada tão longe da nossa realidade a ponto de serem ignoradas ou negligenciadas por tanta gente. Depois de passar um tempo pensando sobre esse tipo de problema e todos os outros que só agravam a situação ou são gerados por ela, como tráfico de armas e de drogas, desmatamento, disputas políticas em geral, etc. o que normalmente me ocorre é que infelizmente o ser humano é ruim. Passo a pensar que sim, somos egoístas, que é impossível um dia vir a existir uma sociedade harmônica, como se a maldade, o descaso e a guerra fossem inerentes ao ser humano, dados dos quais não podemos nos livrar. Como se esses acontecimentos fossem simplesmente parte do mesmo impulso que leva as pessoas mais bondosas a não desejar dividir uma barra de chocolate, só que maximizado. Mas que está lá, existe mesmo que pouco em cada um de nós, em cada momento que preferimos negar certo prazer ao próximo para intensificar o nosso, e não sentimos culpa por isso, não achamos nem errado, porque temos nossa própria satisfação como prioridade. Coisa que, aliás, aprendemos que deve ser assim porque não se encontra mais satisfação em proporcionar alegria ao próximo, então, logicamente deve-se abandonar tal atitude, para que não se padeça de tristeza. Faz sentido, faz sentido ( na verdade espero que faça pra alguém). Só que além de fazer sentido gera outras atitudes similares, virando um comportamento em cadeia. E depois a mesma pessoa que não cede o lugar na fila pra outra com maior necessidade reclama da falta de educação e gentileza alheia. E prossegue achando que seu comportamento faz sentido. E toda a poesia e beleza do mundo se perdem cada vez mais a cada instante que passa e as pessoas não se importam absolutamente, se é que notam isso. Este sentimento em comum une a maioria das pessoas, sem mesmo que se perceba, colocar seus desejos de forma ditatorial por exemplo, só nos distingue de um real ditador porque afetamos menos pessoas. Mas será que pessoas habituadas a serem assim se importariam com o fato de que seus caprichos prejudicariam um pouco mais de gente ? Acho que nem perceberiam a real diferença. Felizmente antes de cair em descrença absoluta no ser humano em pouquíssimo tempo tento lembrar que pessoas como Gandhi e Madre Tereza de Calcutá não merecem ser tidos como tal e provam que o ser humano não precisa ser assim. Pessoas como o Nelson Mandela, que não só falaram como mostraram que é possível submeter a própria vida em algumas ocasiões, porque não só se acredita como se sabe que existe uma causa que é maior que ela, que precisa de um pouco dela, e que dar essa parcela pode valer a pena. Um sacrifício desvinculado de toda conotação negativa, porque sim, representa o abandono de algo precioso em troca de algo que o mereça, mas um abandono voluntário, desejado, até estimado. Como todo mundo que ainda tem um vestígio qualquer de esperança, me comovo ainda mais com isso, a perspectiva do melhor ainda me instiga mais que a constatação do pior. Ainda. E definitivamente espero me tornar uma pessoa cada dia mais parecida com alguém como eles, porque já que se pode ir até este ponto, por que não ?

Nenhum comentário: