quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Educar ou não educar ?

Já se foi o tempo em que todos somente temíamos crianças e jovens de ruas, que entregues a sua própria sorte, tem que sobreviver de mendicância ou furtos. Hoje em dia somamos ao medo dos “pivetes” o medo ao jovem de classe media e ainda os moradores de condôminos luxuosos que se preocupam com os filhos dos próprios vizinhos. Isso porque roubar se tornou normal, mais que normal até, um hábito para muitos jovens. E não importa se o pai é um renomado médico ou um bêbado que não fornece nada pra família. Qualquer motivo agora é motivo para roubar, para ter dinheiro, seja para comprar comida ou um tênis novo, ainda que se tenha outros cinco pares. O menino que precisa roubar para comprar comida, sobreviver, ainda que seja totalmente repudiado pela sociedade, tem meu respeito. Afinal não-natural é morrer de fome onde sobram recursos, não-natural é não ter nada e considerar normal o outro ter. Mas como explicar o caso do jovem que tem tudo, que estudou em boas escolas, sentir necessidade de roubar para ter mais ? Como explicar o jovem que com todas as oportunidades convencionais que possui preferir vender drogas ? Ao mesmo tempo que isso me evidencia o quanto estamos ligados ao consumo e portanto não importa o que seja preciso fazer para consumir, o importante mesmo é consumir, este pensamento me remete a questão da educação.Educação nos dias de hoje é só uma palavra e não mais um conceito que simboliza todo um conjunto de regras morais e intelectuais, mas somente um pequeno número de normas relativas ao convívio social a serem seguidas. E o que me parece ser o principal motivo da degeneração da educação é a falta do educador. O papel do educador se diminuiu até chegar nesta ínfima participação que podemos perceber hoje em dia. O pai, a mãe e todas as pessoas mais velhas na família se afastam cada vez mais do papel ativo na educação. Isso porque toda a nossa cultura menospreza o papel do educador. O ocidente banalizou totalmente o papel da educação familiar e podemos ver claramente os frutos dessa banalização em todos os lugares. Foi associado ao papel da educação familiar, que tradicionalmente é exercido pela mulher, todo o pouco caso que se dá ao papel da mulher em si, logo criar e educar os filhos é visto como uma função secundária (por isso sempre foi destinado à mulher, vista como secundária no universo masculino que vivemos). Só que a mulher cada vez se destaca mais, se libera mais da antiga imagem de dona de casa e mãe, que cuida da casa, dos maridos e dos filhos, claro, com um lindo sorriso no rosto. A mulher cada vez mais quer sair de casa, trabalhar, se divorciar, tomar suas próprias decisões. Ser totalmente independente, quase um homem! Mas elas continuam se casando, tendo filhos e querem administrar isso com sua vida que nega a imagem de dona de casa/ mãe. E quem cuida dos filhos, quem educa, quem conversa ? O pai obviamente machão e perpetuador do papel social do homem não vai ficar em casa e administrar a família. Então a família simplesmente não é administrada, afinal não é função para homem e hoje em dia nem coisa para uma mulher moderna fazer. A solução então seria mudar a maneira como estruturamos a família, pensar mil vezes antes de ter filhos ? Claro que não. Enfie a criança numa escola, a escola se encarregará de educá-la, se seu filho crescer e ficar revoltado fácil de novo, psicólogos estão aí pra isso e claro, um cartão de crédito e um shopping próximo também resolvem muitos problemas. O problema mesmo é quando pegam seu filho, com o qual você gastou muito dinheiro para educar, roubando, usando drogas, isso sim é pesado. Difícil ter uma noticia dessas e não perceber que algo foi esquecido ou negligenciado na educação da “criança” e perceber que a educação que a escola pode dar é insuficiente, precária e que formação de caráter ocorre principalmente em casa, com a família. Mas claro, se ao chegar em casa as crianças e adolescentes só encontrarem a T.V fica complicado...

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