quarta-feira, agosto 29, 2007

Minhas paredes




Às vezes me sinto um ser desonesto
Com todos os meus sorrisos falsos
E cumprimentos educados demais
Me sinto trivial e vulgar
Especialmente quando me obrigo a dar um abraço
Ou dizer que me importo
Quando tudo o que quero é estar longe dali
Mas o fato é que poucos podem me ver
Poucos podem saber quem eu sou
E andar dentro de mim
Porque aqui dentro nem todas as luzes estão acesas
E os móveis mudam de lugar sempre
Pouca gente entende como funciona
E pouca gente gosta mesmo assim
Mas eu entendo os que não entendem
E os que não aceitam
Mas não posso mudar para que eles se sintam melhor
Não posso me abrir para que eles possam ver o que não querem
Se eles entrarem e não virem uma foto deles pendurada na minha parede
Como se sentirão?
Em meio a tantos outros retratos de outros amigos...
As cores das minhas paredes estão sempre se transformando
E não tem como dizer se é bom ou ruim
Só que haveria uma guerra
Caso todos os meus pensamentos viessem à tona
E eu seria a principal acusada no final de tudo
Evito este tipo de coisa
E o tipo de pessoa que cobra amor
Não dou o que não posso dar
E, sim, me sinto culpada por isso
Mas sou contra a distribuição gratuita de medalhas
Ou altares encomendados
E a coisa mais bonita do mundo, para mim,
É a estrada
E algumas velhas fotografias no bolso

2 comentários:

Unknown disse...

Vc escreve cada dia com mais fluidez... é lindo!

Será que conheço algum cômodo da mari?! Acho que sei de alguns caminhos!

Anônimo disse...

caramba. gostei foi muito desse cantinho aqui. =0) tu escreve bonitinho de ler.