terça-feira, outubro 17, 2006

Metade


Metade

Não me encontro hoje por inteiro
Nunca estive totalmente comigo mesma,
Nem por um momento,
E não vejo possibilidade de um dia estar
Sempre me senti dividida
Divida entre todas as fronteiras de todos os mundos
Dividida entre todos os corações de todas as pessoas
Entre todas as mãos de todos os amigos
Sempre estarei dividida
Dividida entre tudo o que quero fazer e tudo o que faço
Dividida entre tudo o que sinto e tudo o que falo
Entre tudo o que procuro e tudo o que acho
Sempre serei dividida
Dividida entre tudo o que eu grito e tudo o que eu calo
Dividida entre tudo que vejo e tudo que me é negado
Entre tudo que eu beijo e tudo que eu maltrato
E tudo que me separa de tudo
Todas as forças que me distanciam das coisas
Das pessoas, dos abraços
Tudo isso é tão invisível, tão abstrato...
E mesmo sabendo tão irreal,
Pra mim é quase palpável
Quase alcançável, quase mutável
Quase
E no final, na hora da entrega
Na hora da sensação de derrota, de desistência
Eu descubro que minha ausência sempre foi minha essência
E toda essa experiência, parte da minha suposta coerência
São minha culpa e meu erro,
Totalmente meus, pensados e repensados
e ainda assim, tão errados, tão lunáticos
Mudar e continuar,...Nunca foi fácil de lidar.

Nenhum comentário: