quarta-feira, dezembro 20, 2006

Reflexões sobre a vida

Estranho como as pessoas lidam com o mundo ao redor e consigo mesmas. Estranho como eu lido com tudo isso. Sempre considerei importantíssimo se conhecer ao máximo, sempre. Dei muita importância a isso desde muito cedo, e nem saberia dizer o porquê, qual motivo me levou a achar isso tão primordial. O fato é que o auto-conhecimento sempre foi uma busca pessoal. Como toda pessoa que busca se conhecer, me deparei com partes de mim que nem eu mesma conseguia admirar, as vezes nem ao menos suportar. Em meio a tentativas de mudar essas características, lembrei que essas características também faziam parte do pacote que constituía a Mariana. E me ocorreu que se eu realmente quisesse me conhecer, teria que ser por inteiro, caso contrário não teria tanto sentido, ou mesmo sentido algum. Pouco tempo depois dessa reflexão eu assisti um programa na TV onde a Alanis era entrevistada, e ela falava justamente sobre a importância de se conhecer e abraçar seus próprios defeitos, abraçar igualmente todas as suas características, etc. “Abraçar seus defeitos”. Essa frase me marcou demais. Passei a pensar ainda mais sobre essa questão e mais que isso, passei a realmente abraçar todas as minhas características, defeitos e qualidades, igualmente. Isso me proporcionou uma auto-estima invejável, sem me tornar, no entanto, orgulhosa. Gostei disso e continuei assim. Porém somente há pouco tempo pude perceber que cometi um enorme erro de interpretação não percebendo a nem tão sutil diferença entre abraçar e agarrar. Pois eu não simplesmente abracei meus defeitos, mas me agarrei a eles, com tanta força que muitos tomaram conta de grande parte do que se constituiu minha personalidade. Acho muitos bonitos e até divertidos. E realmente o seriam se eu fosse uma personagem neurótica e estranha do Wood Allen, mas sendo a pessoa real que sou, preciso assumir que são de fato defeitos sim. E hoje me encontro perdida em meio a novas dúvidas sobre fugir ou abraçar. E só chego a conclusão de que é muito difícil viver, principalmente sem um diretor ou roteirista.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Eu


Eu
Descubro cada vez mais que sou muito menor do que pensava
Descubro que sou muito mais inútil,
Muito mais fútil
Descubro cada dia mais que
não sei quem sou
Eu que tolamente pensava me conhecer
Assumo amargamente que
Não faço nem idéia

Em meio a tantos pensamentos
Em meio a tantos sentimentos
Não sei qual me pertence genuinamente
Entre o que crio e o que copio
O que será a sombra de mim?
Entre o que vivo e o que sinto
O que verdadeiramente há em mim ?

Em quantos lugares fui e nunca estive
E em quantos lugares nunca pisei,
Mas sinto conhecer de todo coração?
Por pessoas demais eu passo
e nada percebo...Gente demais
ignorada, negligenciada, adiada
Eu, que pretendia amar a todos

Quantos sonhos em meu peito não foram
esquecidos, rasgados, abandonados?
E quase todos os planos
simplesmente deixados de lado
Quase devaneios
Quase possibilidades
Não tiveram de mim nem a metade
Eu, que queria me dedicar a tudo
Mas nada posso dar
Eu, que não sei quem sou

domingo, dezembro 10, 2006

Conhecendo,...


Conhecer
Conhecer o mundo
Se conhecer
Coisas tão complicadas

Quase contraditórias pra mim
Eu que nunca me senti parte do mundo
Parte de coisa alguma
Eu que nunca sequer quis participar disto tudo
Que nunca sequer pensei em girar em sintonia com o tudo
Ou até mesmo com o nada


Eu que nunca imaginei que o viver fosse isso
Existir em conjunto com o tudo e o nada
Prestar atenção no que há por dentro
E no que há por fora
Prestar atenção na confusão de tudo
E reparar quase atônito
Que o meu ser, tão diferente
Tão inconstante, tão especial, tão distinto
É só mais uma sombra no meio dessa confusão

Perceber que o meu mundo

Somente existe dentro de mim
E que, portanto, não há como fugir pra ele
Não há como sair daqui

Ir pra longe de tudo isso
De todos esse vícios, todos esses delírios
E que então seria melhor viver que sobreviver

E ter que finalmente
Tentar – Sim, ao menos tentar...
Conhecer
Conhecer tudo que há além...de mim

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Inércia



A inércia tem tomado conta de mim
tanto e de tal maneira que tenho me sentido completamente entorpecida
Esqueci o que é fazer algo
Se mexer, fazer acontecer qualquer coisa
Acho que perdi a capacidade disso!
Ficar parado parece tão mais fácil que nem tenho feito nada
Inerte
Completamente inerte

Pular pra fora deste mundo parece mais fácil
Mais lógico até
Pular pra um mundo onde toda forma de magia é possível
Toda forma de felicidade é possível
E acessível

Mas essa inércia não deixa
Me pede pra continuar no mesmo lugar
Me pede pra deitar e esperar
Me pede pra ficar
Pra sempre no presente
Esperando que ele me leve pra outro lugar